quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Redes:



Entre empresa e corporação, a diferença é banal: uma corporação é um grupo que reúne

várias empresas de diversos ramos e que concentra muito capital e interesses sob um único

controle. Há corporações que têm empresas que atuam no ramo do petróleo, no industrial,

no agronegócio, no sistema financeiro e na produção de filmes para cinema e televisão,

por exemplo. Isso só explica que, quando os lucros crescem, os grupos econômicos vão
 
diversificando seus negócios e suas localizações, a fim de garantir maiores lucros.
 
Um autor importante pode ser citado nesse
momento. Trata-se do geógrafo brasileiro
Milton Santos. Deve ser recomendada muita
atenção na leitura:
O interesse das grandes empresas é economizar

tempo, aumentando a velocidade da circulação.

[...] Corporatização do território é a destinação

prioritária de recursos para atender às

necessidades geográficas das grandes empresas.

Fonte: SANTOS, Milton.


A natureza do espaço: técnica e

tempo – razão e emoção. São Paulo: Edusp, 1996. p. 270.
Os fluxos de mercadorias, de serviços, de

informações circulando rapidamente pelas

redes técnicas (transportes e telecomunicações)

no mundo todo permitem o acesso a

vastos mercados (e muito mais). As corporações

que têm acesso, controle e investimento

nessas redes técnicas obtêm desse fato

uma grande dose de poder econômico.

Espera-se que o estudante perceba que um

automóvel é montado em alguns pontos da

rede industrial da corporação. As peças podem

vir de diversos pontos e são montadas

num ponto. E esse local é a montadora. No

Brasil, as montadoras utilizam componentes

de várias partes do mundo.
A organização da corporação automobilística

ultrapassa os espaços nacionais,

e que, por isso, pode ser designada como uma

corporação transnacional:

Fica claro que se trata de uma rede geográfica

da empresa que usa pontos dos territórios

nacionais, criando um espaço próprio que

ultrapassa os territórios nacionais e por isso

trata-se de uma transnacional legítima.
As redes geográficas das corporações transnacionais

estão entre as estruturas geográficas

que produzem um espaço global, base

para o processo de globalização.
geográfica das corporações transnacionais, sugerimos

agora uma busca dessa forma de organizar

o espaço geográfico em outras situações.

O cenário é a cidade de São Paulo. Essa metrópole

sofre desde os anos 1980 uma profunda

reestruturação no seu espaço geográfico. Seu

território está “invadido” por redes geográficas

que se estruturam do seguinte modo:

f

Pontos: habitações em condomínio fechado


centros administrativos isolados também

em formato de

condomínio fechado

centros comerciais (

shopping centers, hipermercados)

fechados e protegidos

 
 
Os usuários dessas redes geográficas procuram
concentrar o fundamental de suas vidas em
seu interior: residência, abastecimento, trabalho,
estudos, lazer etc. E, se possível, raramente saem
da rede, evitando assim o território pleno da cidade.
Uma pequena demonstração: pesquisas
mostram o número impressionantemente alto
de habitantes da cidade que nunca foram ao
seu centro histórico, usaram transporte coletivo
ou andaram a pé.


Há um custo financeiro para viver nessa rede

protegida e ele não é baixo, o que resulta numa

“seleção social”. O que diminui as trocas e as

relações entre a população da cidade, em vista

dessa separação (segregação?) sofisticada na sua

geografia. Afinal, as trocas, as relações sociais

desses segmentos usuários e construtores de redes

se dão quase que somente entre eles. E o que

isso tem a ver com as redes geográficas de escala

mundial, construídas e alimentadas pelas corporações

transnacionais, como a rede geográfica

da corporação automobilística asiática?

ideia aqui é que o aluno perceba que as

redes geográficas são espaços próprios que

não se relacionam abertamente com os territórios

onde seus pontos estão inseridos. O

exemplo das transnacionais é muito elucidativo:

circulam mercadorias, capitais mais

dentro da rede do que da rede para o território.

Algo que se assemelha à vida de um paulistano

que vive dentro das redes geográficas

que cortam a cidade.
Que semelhanças podem ser apontadas entre

a circulação de bens na rede automobilística

do Sudeste Asiático e a circulação de bens na

rede geográfica urbana de São Paulo?
consumo dos segmentos que têm mais renda

na cidade de São Paulo se dá quase que

exclusivamente dentro da rede geográfica em

que eles vivem. Esse é um exemplo que lembra

parte do que acontece nas redes geográficas

das corporações transnacionais.


Ambas as redes recebem grandes investimentos.


Isso significa automaticamente desenvolvimento

social e econômico para os territórios

onde essas redes estão implantadas?

no desenvolvimento local. Do mesmo

modo, os



shoppings centers (por exemplo),

que são a principal estrutura comercial nas

redes geográficas da cidade de São Paulo,

terminam enfraquecendo o comércio de rua.

A instalação de um



shopping ou de um condomínio

fechado num bairro pode trazer (às

vezes) mais problemas que vantagens.




Faz sentido afirmar que a rede geográfica é uma configuração geográfica que, de certo

modo, concorre com o território pleno?
 

Faz sentido, sim. Às vezes complementa (e não

concorre), mas às vezes concorre, como no

exemplo do comércio distribuído nas ruas de

um bairro (no território) com um



shopping,

que é comércio concentrado num ponto de

rede. O mesmo se dá com um ponto de rede

de uma transnacional industrial num território

que ela não beneficia muito, a despeito de

consumir energia, mão de obra, água etc.


Essa radiografia geográfica da estruturação

transnacional das corporações revela: a

importância das redes geográficas na globalização

que se constrói; um pouco das estratégias

e do poder dessas grandes empresas.

Muitos dados econômicos podem ser alinhavados

para dimensionar mais amplamente

a ação das corporações, mas eles poderão ganhar

mais significado se sua


lógica espacial for considerada.






 



shoppings centers (por exemplo),

que são a principal estrutura comercial nas

redes geográficas da cidade de São Paulo,

terminam enfraquecendo o comércio de rua.

A instalação de um



shopping ou de um condomínio

fechado num bairro pode trazer (às

vezes) mais problemas que vantagens.


Faz sentido afirmar que a rede geográfica é

uma configuração geográfica que, de certo

modo, concorre com o território pleno?

Faz sentido, sim. Às vezes complementa (e não

concorre), mas às vezes concorre, como no

exemplo do comércio distribuído nas ruas de

um bairro (no território) com um



shopping,

que é comércio concentrado num ponto de

rede. O mesmo se dá com um ponto de rede

de uma transnacional industrial num território

que ela não beneficia muito, a despeito de

consumir energia, mão de obra, água etc.

Essa radiografia geográfica da estruturação

transnacional das corporações revela: a

importância das redes geográficas na globalização

que se constrói; um pouco das estratégias

e do poder dessas grandes empresas.

Muitos dados econômicos podem ser alinhavados

para dimensionar mais amplamente

a ação das corporações, mas eles poderão ganhar

mais significado se sua

lógica espacial for

considerada.
 


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