quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Imagem sobre a internet
Hoje, se o Facebook fosse um país, seria o terceiro maior do mundo, com seus 800 milhões de usuários. Os fenômenos da globalização  e das redes  geográficas estão modificando alguns conceitos ensinados nas escolas de antigamente. Na área da Geografia, afirma-se que o conceito de globalização caracteriza a construção de novos espaços, além de novas relações sociais desenvolvidas pelo mundo. Essa nova configuração de redes geográficas na globalização, que transpassam a ideia dos territórios nacionais, acaba por acarretar grandes e significativas mudanças nos próprios Estados nacionais através da presença, em tais Estados, de pontos de redes geográficas e da globalização pertencentes a corporações transnacionais e da inserção de redes geográficas técnicas, o que proporciona um enorme aumento na circulação de capital, de bens, informações e serviços produzidos em todo o planeta. Tal agilidade, ocorrida pela globalização e pelas redes geográficas na circulação comercial e informativa acontece, principalmente, porque os espaços da globalização agem como suportes de todos os processos socioeconômicos ocorrentes nas redes geográficas mundiais, e é necessária certa dedicação para que compreendamos mais profundamente quais os fatores responsáveis pelo acontecimento das redes geográficas na globalização.

Globalização resumo


Quando falamos em redes geográficas e globalização, várias coisas podem ser compreendidas, porém, há uma interpretação sempre confirmada por todos: hoje, é muito maior a presença do mundo em cada localidade. Tal fenômeno é expressado pela presença enorme de produtos vindos de diversas partes do mundo, além do número elevado das informações a respeito dos quatro cantos do planeta. Grande parte do que acontece, do que se pensa e se faz em outras localidades pertence agora a nossa realidade, através das redes geográficas e da globalização. Em consequência, há uma nova organização de nosso espaço geográfico, a qual permite que o mundo esteja aqui e nós estejamos no mundo, simultaneamente. Para compreendermos tal fenômeno, podemos observar o funcionamento da internet, comparando-a as redes geográficas na globalização, que faz com que seja cada vez mais fácil consumirmos informação criada em todo o mundo, além de propagar por todo o planeta as informações que criamos

 

 

Técnica, rede e território: Do que estamos falando?

De maneira geral, podemos dizer com Abagnano (1982, p.905) que a técnica “compreende todo o conjunto de regras aptas a dirigir eficazmente uma atividade qualquer”, ou ainda, que “é um processo qualquer, regulado por normas e munido de uma certa eficiência”.

Por sua vez, de acordo com Corrêa (1997, p.250) podemos definir, genericamente, tecnologia “como um conjunto de conhecimentos e informações organizados, provenientes de fontes diversas como descobertas científicas e invenções, obtidos através de diferentes métodos e utilizados na produção de bens e serviços”.

Muitas vezes as noções de “técnica” e “tecnologia” têm sido utilizadas para designar o mesmo significado. Todavia, entendemos que, enquanto a técnica explicita regras do modo de ação prática do como fazer, a tecnologia representa uma espécie de teorização das técnicas, no sentido de constituir um procedimento lógico que possibilita compreender a ordem e a racionalidade presente em uma ou na articulação de mais técnicas.

Tendo isso presente, acrescemos a contribuição de Milton Santos (1996, p.25) quando, do ponto de vista da Geografia, destaca a técnica como o mais importante modo de relação entre homem e natureza, entre homem e o espaço geográfico.  Nesse sentido, concordamos com o autor  que “as técnicas são um conjunto de meios instrumentais e sociais, com os quais o homem realiza sua vida, produz e, ao mesmo tempo, cria espaço”.

Todavia, devemos ter presente que a técnica e a tecnologia, como produtos da ação humana devem ser pensadas no contexto das relações sociais e no âmbito de seu desenvolvimento histórico. Assim, na sociedade capitalista, a tecnologia exprime um tipo particular de conhecimento, cujas propriedades o tornam capaz, quando aplicado ao capital, de estabelecer um determinado ritmo à sua valorização.

Assim, a técnica é um elemento chave na explicação da sociedade e dos lugares quando considerada em relação à uma dada temporalidade e espacialidade. Tomada à parte, de forma isolada ela não explica nada. (Santos, 1996). Ou ainda, como diz Lévy (1993, p.194), “A técnica em geral não é boa, nem má, nem neutra, nem necessária, nem invencível”.

As técnicas expressam, por meio dos objetos técnicos, seu conteúdo histórico, e em cada momento de sua existência, da sua criação à sua instalação e operação, revelam a combinação, em cada lugar, das condições políticas, econômicas, sociais, culturais e geográficas que permitem seu aproveitamento. Um desses objetos técnicos é a rede.

Em relação ao conceito de rede podemos, de acordo com Santos (1996), defini-lo a partir de duas dimensões complementares. Uma primeira, se refere a sua forma, a sua materialidade. Nesse aspecto, Curien e Gensollen(1985, p.50-51) assinalam que a rede é toda infra-estrutura, que permitindo o transporte de matéria, de energia ou de informação, se inscreve sobre um território onde se caracteriza pela topologia dos seus pontos de acesso ou pontos terminais, seus arcos de transmissão, seus nós de bifurcação ou de comunicação.

Por sua vez, a segunda dimensão trata de seu conteúdo, de sua essência. Assim, a rede “é também social e política, pelas pessoas, mensagens, valores que a freqüentam. Sem isso, e a despeito da materialidade com que se impõe aos nossos sentidos, a rede é, na verdade, uma mera abstração”.(Santos, 1996, p.209).

REDES:



Redes e conexões como base geográfica da globalização são o pano de fundo da aceleração

de fluxos, da intensificação do comércio mundial e da criação necessária de instituições

e organismos globais.


Em Geografia, pode-se afirmar que a globalização

diz respeito à construção de novos

espaços e novas relações sociais desenvolvidas

no mundo. Trata-se de uma nova configuração

geográfica que se superpõe aos territórios

nacionais, por vezes conflituosamente, outras

em harmonia. Isso pode significar mudanças

importantes nos próprios Estados nacionais (enfraquecimento dos ESTADOS)

com a presença, em seus territórios, de pontos

de rede de corporações transnacionais e de

redes técnicas, propiciando um aumento extraordinário

da circulação de capital, de bens

industriais, de serviços e informações produzidos

na escala mundial.

Essa agilidade da circulação se dá porque

os espaços globais são suportes ativos dos processos

socioeconômicos que ocorrem na escala

mundial. Esses negócios são alimentados pelo

que há de mais avançado em tecnologias de produção

e de circulação. Assim, esses espaços da

globalização se realizam como expressões geográficas

da Nova Ordem Mundial. Desvendar a

lógica desses espaços, que fundamentalmente se

estruturam em forma de redes; conhecer os ritmos

de suas relações, cada vez mais aceleradas;

e identificar os principais agentes que os alimentam,

como as corporações transnacionais
 
 

Redes:



Entre empresa e corporação, a diferença é banal: uma corporação é um grupo que reúne

várias empresas de diversos ramos e que concentra muito capital e interesses sob um único

controle. Há corporações que têm empresas que atuam no ramo do petróleo, no industrial,

no agronegócio, no sistema financeiro e na produção de filmes para cinema e televisão,

por exemplo. Isso só explica que, quando os lucros crescem, os grupos econômicos vão
 
diversificando seus negócios e suas localizações, a fim de garantir maiores lucros.
 
Um autor importante pode ser citado nesse
momento. Trata-se do geógrafo brasileiro
Milton Santos. Deve ser recomendada muita
atenção na leitura:
O interesse das grandes empresas é economizar

tempo, aumentando a velocidade da circulação.

[...] Corporatização do território é a destinação

prioritária de recursos para atender às

necessidades geográficas das grandes empresas.

Fonte: SANTOS, Milton.


A natureza do espaço: técnica e

tempo – razão e emoção. São Paulo: Edusp, 1996. p. 270.
Os fluxos de mercadorias, de serviços, de

informações circulando rapidamente pelas

redes técnicas (transportes e telecomunicações)

no mundo todo permitem o acesso a

vastos mercados (e muito mais). As corporações

que têm acesso, controle e investimento

nessas redes técnicas obtêm desse fato

uma grande dose de poder econômico.

Espera-se que o estudante perceba que um

automóvel é montado em alguns pontos da

rede industrial da corporação. As peças podem

vir de diversos pontos e são montadas

num ponto. E esse local é a montadora. No

Brasil, as montadoras utilizam componentes

de várias partes do mundo.
A organização da corporação automobilística

ultrapassa os espaços nacionais,

e que, por isso, pode ser designada como uma

corporação transnacional:

Fica claro que se trata de uma rede geográfica

da empresa que usa pontos dos territórios

nacionais, criando um espaço próprio que

ultrapassa os territórios nacionais e por isso

trata-se de uma transnacional legítima.
As redes geográficas das corporações transnacionais

estão entre as estruturas geográficas

que produzem um espaço global, base

para o processo de globalização.
geográfica das corporações transnacionais, sugerimos

agora uma busca dessa forma de organizar

o espaço geográfico em outras situações.

O cenário é a cidade de São Paulo. Essa metrópole

sofre desde os anos 1980 uma profunda

reestruturação no seu espaço geográfico. Seu

território está “invadido” por redes geográficas

que se estruturam do seguinte modo:

f

Pontos: habitações em condomínio fechado


centros administrativos isolados também

em formato de

condomínio fechado

centros comerciais (

shopping centers, hipermercados)

fechados e protegidos

 
 
Os usuários dessas redes geográficas procuram
concentrar o fundamental de suas vidas em
seu interior: residência, abastecimento, trabalho,
estudos, lazer etc. E, se possível, raramente saem
da rede, evitando assim o território pleno da cidade.
Uma pequena demonstração: pesquisas
mostram o número impressionantemente alto
de habitantes da cidade que nunca foram ao
seu centro histórico, usaram transporte coletivo
ou andaram a pé.


Há um custo financeiro para viver nessa rede

protegida e ele não é baixo, o que resulta numa

“seleção social”. O que diminui as trocas e as

relações entre a população da cidade, em vista

dessa separação (segregação?) sofisticada na sua

geografia. Afinal, as trocas, as relações sociais

desses segmentos usuários e construtores de redes

se dão quase que somente entre eles. E o que

isso tem a ver com as redes geográficas de escala

mundial, construídas e alimentadas pelas corporações

transnacionais, como a rede geográfica

da corporação automobilística asiática?

ideia aqui é que o aluno perceba que as

redes geográficas são espaços próprios que

não se relacionam abertamente com os territórios

onde seus pontos estão inseridos. O

exemplo das transnacionais é muito elucidativo:

circulam mercadorias, capitais mais

dentro da rede do que da rede para o território.

Algo que se assemelha à vida de um paulistano

que vive dentro das redes geográficas

que cortam a cidade.
Que semelhanças podem ser apontadas entre

a circulação de bens na rede automobilística

do Sudeste Asiático e a circulação de bens na

rede geográfica urbana de São Paulo?
consumo dos segmentos que têm mais renda

na cidade de São Paulo se dá quase que

exclusivamente dentro da rede geográfica em

que eles vivem. Esse é um exemplo que lembra

parte do que acontece nas redes geográficas

das corporações transnacionais.


Ambas as redes recebem grandes investimentos.


Isso significa automaticamente desenvolvimento

social e econômico para os territórios

onde essas redes estão implantadas?

no desenvolvimento local. Do mesmo

modo, os



shoppings centers (por exemplo),

que são a principal estrutura comercial nas

redes geográficas da cidade de São Paulo,

terminam enfraquecendo o comércio de rua.

A instalação de um



shopping ou de um condomínio

fechado num bairro pode trazer (às

vezes) mais problemas que vantagens.




Faz sentido afirmar que a rede geográfica é uma configuração geográfica que, de certo

modo, concorre com o território pleno?
 

Faz sentido, sim. Às vezes complementa (e não

concorre), mas às vezes concorre, como no

exemplo do comércio distribuído nas ruas de

um bairro (no território) com um



shopping,

que é comércio concentrado num ponto de

rede. O mesmo se dá com um ponto de rede

de uma transnacional industrial num território

que ela não beneficia muito, a despeito de

consumir energia, mão de obra, água etc.


Essa radiografia geográfica da estruturação

transnacional das corporações revela: a

importância das redes geográficas na globalização

que se constrói; um pouco das estratégias

e do poder dessas grandes empresas.

Muitos dados econômicos podem ser alinhavados

para dimensionar mais amplamente

a ação das corporações, mas eles poderão ganhar

mais significado se sua


lógica espacial for considerada.






 



shoppings centers (por exemplo),

que são a principal estrutura comercial nas

redes geográficas da cidade de São Paulo,

terminam enfraquecendo o comércio de rua.

A instalação de um



shopping ou de um condomínio

fechado num bairro pode trazer (às

vezes) mais problemas que vantagens.


Faz sentido afirmar que a rede geográfica é

uma configuração geográfica que, de certo

modo, concorre com o território pleno?

Faz sentido, sim. Às vezes complementa (e não

concorre), mas às vezes concorre, como no

exemplo do comércio distribuído nas ruas de

um bairro (no território) com um



shopping,

que é comércio concentrado num ponto de

rede. O mesmo se dá com um ponto de rede

de uma transnacional industrial num território

que ela não beneficia muito, a despeito de

consumir energia, mão de obra, água etc.

Essa radiografia geográfica da estruturação

transnacional das corporações revela: a

importância das redes geográficas na globalização

que se constrói; um pouco das estratégias

e do poder dessas grandes empresas.

Muitos dados econômicos podem ser alinhavados

para dimensionar mais amplamente

a ação das corporações, mas eles poderão ganhar

mais significado se sua

lógica espacial for

considerada.