Subsídio agrícola de países ricos tira renda de países em desenvolvimento, diz ministro
03/08/2005 -
15h56
Rio, 3/8/2005 (Agência Brasil - ABr) - Os subsídios agrícolas dos países
ricos talvez sejam a forma mais forte e escandalosa de subtrair renda de países
em desenvolvimento. A afirmação foi feita hoje (3) pelo ministro das Relações
Exteriores, Celso Amorim, no Seminário sobre Desenvolvimento Econômico com
Equidade Social, uma iniciativa do Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África do
Sul (IBAS).
Segundo Amorim, essa é a conclusão de organismos de combate à fome e à miséria de todo o mundo sobre o efeito dos subsídios agrícolas praticados por países ricos. "Eu concordo modestamente", disse ele.
O ministro ressaltou que, quando comenta esse assunto, não está se referindo apenas a países como Brasil, Índia e África do Sul, mas a outros que têm situação econômica mais difícil e sofrem com esse tipo de ação. "Quando falo nisso, não falo apenas no interesse específico de nossos países". Ele citou o caso do algodão, em que o Brasil esteve envolvido. "Todos sabemos da importância que o algodão tem para países mais pobres da África, como Burkina Faso e Benin", explicou.
Para Amorim, a criação do IBAS, em 2003, permitiu uma mudança nas agendas comerciais, como nas negociações do G 20, grupo de países em desenvolvimento formado naquele ano para defender interesses comuns no setor agrícola junto às grandes potências. "Parte, em função do IBAS, nós conseguimos, através do G 20, modificar não só o conteúdo das negociações, mas a própria forma como elas são feitas", lembrou.
Os países em desenvolvimento passaram, então, a ser "um interlocutor ativo, indispensável, das negociações comerciais", afirmou o ministro, destacando o período em que as negociações eram realizadas - praticamente todas - entre a União Européia, os Estados Unidos e, às vezes, o Japão e o Canadá, e depois se distribuíam "migalhinhas" entre os países em desenvolvimento. "Acho que as coisas não ocorrem e não ocorrerão dessa maneira. E oIBAS é um dos responsáveis por essa mudança", acrescentou.
Amorim informou que o fundo, junto com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), é formado com recursos provenientes dos três países para ajudar países mais pobres. "O fundo IBAS foi feito, não para recolher recursos para ajudar países como Índia, Brasil e África do Sul, que são pobres, são em desenvolvimento, mas que, comparados com outros em desenvolvimento, são países até que, relativamente, se não ricos, pelo menos já com capacidade produtiva e tecnológica muito desenvolvidas", explicou. O primeiro projeto está sendo desenvolvido na Guiné-Bissau, um dos países mais pobres da África. Outro está sendo desenvolvido no Laos e um terceiro em estudo no Haiti.
Os ministros das Relações Exteriores da Índia, do Brasil e da África do Sul se comprometeram a aumentar a participação de cada um para o equivalente a US$ 1 milhão, mas, de acordo com Amorim, ainda falta um acerto com a área econômica dos três países. "Já nos comprometemos, os ministros do Exterior (...), mas depois temos que convencer os ministros da Economia. Como a causa é muito boa, convenceremos (os ministros da Economia) a aumentar nossa contribuição para o fundo".
Amorim disse que a iniciativa pode ajudar a trazer recursos da iniciativa privada, como já trouxe um pouco, e de outros países que possam ver isso como exemplo de mobilização da energia dos países em desenvolvimento para ajudar outros países em desenvolvimento". Ele lembrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva contribuiu com a formação do fundo, ao doar a parte em dinheiro, US$ 55 mil, do Prêmio Príncipe de Astúrias, que recebeu em 2003 da Espanha. A doação foi formalizada em setembro daquele ano, durante visita do presidente Lula à Assembléia Geral das Nações Unidas.
Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2005-08-03/subsidio-agricola-de-paises-ricos-tira-renda-de-paises-em-desenvolvimento-diz-ministro
Segundo Amorim, essa é a conclusão de organismos de combate à fome e à miséria de todo o mundo sobre o efeito dos subsídios agrícolas praticados por países ricos. "Eu concordo modestamente", disse ele.
O ministro ressaltou que, quando comenta esse assunto, não está se referindo apenas a países como Brasil, Índia e África do Sul, mas a outros que têm situação econômica mais difícil e sofrem com esse tipo de ação. "Quando falo nisso, não falo apenas no interesse específico de nossos países". Ele citou o caso do algodão, em que o Brasil esteve envolvido. "Todos sabemos da importância que o algodão tem para países mais pobres da África, como Burkina Faso e Benin", explicou.
Para Amorim, a criação do IBAS, em 2003, permitiu uma mudança nas agendas comerciais, como nas negociações do G 20, grupo de países em desenvolvimento formado naquele ano para defender interesses comuns no setor agrícola junto às grandes potências. "Parte, em função do IBAS, nós conseguimos, através do G 20, modificar não só o conteúdo das negociações, mas a própria forma como elas são feitas", lembrou.
Os países em desenvolvimento passaram, então, a ser "um interlocutor ativo, indispensável, das negociações comerciais", afirmou o ministro, destacando o período em que as negociações eram realizadas - praticamente todas - entre a União Européia, os Estados Unidos e, às vezes, o Japão e o Canadá, e depois se distribuíam "migalhinhas" entre os países em desenvolvimento. "Acho que as coisas não ocorrem e não ocorrerão dessa maneira. E oIBAS é um dos responsáveis por essa mudança", acrescentou.
Amorim informou que o fundo, junto com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), é formado com recursos provenientes dos três países para ajudar países mais pobres. "O fundo IBAS foi feito, não para recolher recursos para ajudar países como Índia, Brasil e África do Sul, que são pobres, são em desenvolvimento, mas que, comparados com outros em desenvolvimento, são países até que, relativamente, se não ricos, pelo menos já com capacidade produtiva e tecnológica muito desenvolvidas", explicou. O primeiro projeto está sendo desenvolvido na Guiné-Bissau, um dos países mais pobres da África. Outro está sendo desenvolvido no Laos e um terceiro em estudo no Haiti.
Os ministros das Relações Exteriores da Índia, do Brasil e da África do Sul se comprometeram a aumentar a participação de cada um para o equivalente a US$ 1 milhão, mas, de acordo com Amorim, ainda falta um acerto com a área econômica dos três países. "Já nos comprometemos, os ministros do Exterior (...), mas depois temos que convencer os ministros da Economia. Como a causa é muito boa, convenceremos (os ministros da Economia) a aumentar nossa contribuição para o fundo".
Amorim disse que a iniciativa pode ajudar a trazer recursos da iniciativa privada, como já trouxe um pouco, e de outros países que possam ver isso como exemplo de mobilização da energia dos países em desenvolvimento para ajudar outros países em desenvolvimento". Ele lembrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva contribuiu com a formação do fundo, ao doar a parte em dinheiro, US$ 55 mil, do Prêmio Príncipe de Astúrias, que recebeu em 2003 da Espanha. A doação foi formalizada em setembro daquele ano, durante visita do presidente Lula à Assembléia Geral das Nações Unidas.
Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2005-08-03/subsidio-agricola-de-paises-ricos-tira-renda-de-paises-em-desenvolvimento-diz-ministro